É com bastante interesse que leio hoje no Público (P2, páginas 4 e 5) a defesa que Miguel Esteves Cardoso (MEC) faz a António Sérgio, afastado da grelha da Rádio Comercial.
Deixando de lado todas as considerações de MEC sobre António Sérgio, de cujo programa não sou ouvinte mas que muito respeito, observo que MEC sintetiza numa frase porque razão as editoras de nicho têm toda a sua razão de ser, pois sendo fiéis ao seu público terão sempre o seu espaço reservado na mente dos consumidores a que se destinam.
Diz então Miguel Esteves Cardoso: “quanto mais a rádio se recusa a ser minoritária, mais as minorias vão fugir dela”. Substitua-se a palavra «rádio» por «editoras» e perceber-se-á que, aceitando-se até que possam existir algumas cedências, as editoras que sempre foram de determinada forma e que causaram nos leitores essa habituação dificilmente poderão passar a ser diferentes e esperar que os leitores a continuem a segui-la. Ou, dito de outra forma, as editoras que se recusam a ser minoritárias apenas estão a abrir espaço para que outras editoras preencham esse espaço.
Mesmo reconhecendo-se a reduzida dimensão do mercado, ser minoritário pode não ser um problema desde que as editoras saibam amplificar a sua mensagem (alargar e consolidar a sua minoria), tenham solidez de catálogo e utilizem uma comunicação directa e direccionada junto do seu público leitor.