quarta-feira, 1 de abril de 2009

Alêtheia, por Pedro Vieira

«estão franqueadas as portas de uma nova livraria em lisboa, aquela das elites entre outros demónios, anunciada e lançada por zita seabra, curiosamente numa padaria, base do alimento do povo, outros tempos, outras memórias, e a abertura foi um sucesso, magotes de not so beautiful people, pelo menos quando os olhamos de perto, já na antecâmara uma conhecida ensaísta agradecia a uma conhecida entrevistadora os conselhos sobre cremes enviados por email, e as vagas de gente que não paravam, a ala dos esquerdistas arrependidos, a da coqueterie que cultiva um só beijinho, entre outras, entre muitas, sempre que faço a cama lembro-me de ti, confessava uma senhora bem-posta e eu a dar de fuga, intimidades não é comigo. Entretanto a dona da casa já dava as boas-vindas, sempre sonhou ter uma livraria e tal, um par de graçolas, já citava o empresário Alexandre Soares Santos em substituição do camarada Marx, já garantia a inexistência de best-sellers no novo espaço, se querem comprar o segredo, ou o paulo coelho ou carolina salgado vão a outro lado, e estou a citar, as livrarias estão cheias de coisas que não são livros, e estou a citar, fiemo-nos no critério de zita, afinal foi ela que teve a perspicácia de antecipar o sucesso de dan brown, uma espécie de mistura entre jorge luis borges e vladimir nabokov.»

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