domingo, 8 de junho de 2008

O negócio dos livros, segundo Reis-Sá

Na Rua da Castela continuamos a falar de livros e do negócio.

Segundo Reis-Sá, e «bem vistas as coisas, nenhum editor fazer a mínima ideia do que vende.»

A partir desse mote, o Jorge faz o percurso que leva ao estabelecimento da tiragem e à colocação, discorrendo sobre a prospecção e - referindo-se a conversas tidas neste blog - de consignações e devoluções.

«colocar em consignação a coisa torna-se simplesmente kafkiana: seguem os livros para a livraria com uma factura à consignação, documento sem valor contabílistico e que não permite, por isso cobrança das vendas.

Teremos então de saber quais as vendas do livro em cada ponto de venda (as reais, mesmo) e das duas uma: repor a cc (termo que nomeia a consignção) a firme e esperar o pagamento a 60 ou 90 dias ou esperar a devolução da cc para apuramento (e isto pode demorar uns seis meses mais para pagamento da factura que gera).

Como os editores são todos gestores com MBA's, inventaram uma coisa única: a garantia de devolução total depois de vendido em conta firme.

[...]
Aqui, cada factura dá direito a pelo menos uma nota de crédito. Porquê? Porque assim factura-se realmente os livros e pede-se o pilim a 60 dias.
O editor inventou isto tudo para poder facturar e pedir o dinheiro antes da devolução.
Mas como a maior parte dos livreiros atrasa pagamentos ou faz uma ainda melhor: envia de volta os livros esperando pelo crédito para pagar apenas o que vendeu.»

[...]
É um negócio maravilhoso. »

Um texto despreocupado (ou talvez não) mas muito, muito engraçado e interessante.