sexta-feira, 9 de maio de 2008

Livros de consumo

Os livros tornam-se, cada vez mais, objectos imediatos – em larga medida fruto da sua rápida edição/produção – competindo pela atenção mediática dada ao que é corrente, ao que tem forte interesse transitório e é tratado como «objecto» de consumo.

Os livros são por vezes oportunos, por vezes oportunistas, como já o referiu Jaime Bulhosa, mas a verdade é que entram e querem competir no mesmo mercado de outras indústrias culturais, assentando em parte na mesma motivação e passando a ser comparáveis entre si.

Ou seja, quais as vantagens em ler-se um livro que pouco mais falará do que aquilo que tem passado na TV? Sem imagens em movimento ou a capacidade de se renovar a cada segundo que passa, a sua rapidez de produção não permite conteúdos enriquecidos (ponderados, comparados, verificados uma e outra vez, com o tempo e o espaço necessário para sedimentarem), tendo como vantagem somente a dimensão da apresentação do assunto.

Nessa competição o livro tende a perder mercado, assim como o consumidor (em especial os novos leitores) tende a perder as imagens de rigor e de qualidade.
Ou seja, perdem-se os elementos diferenciadores que têm feito com que o livro permaneça ainda o produto cultural mais referencial que existe.
(nsl)