quarta-feira, 11 de junho de 2008

Inês Pedrosa e as divisões dos editores

«O que divide os editores?
Olhe, os editores passam a vida a dizer que os escritores são seres muito estranhos, muito difíceis de aturar, mas eles são muito mais impossíveis. O que os divide é estarem muito habituados à mama da Câmara ou do Estado ou do que seja e não investirem no livro, verem-no como um negociozinho simpático.Um livro paga-se muito depressa. São caros ao consumidor mas são baratíssimos na produção. Nunca é um negócio ruinoso, hoje. Pode ter-se uma pequena editora e aguentá-la com boas contas por muito tempo. E às vezes é falta de ambição, falta de capacidade de pensar. E quando vêem alguém investir amofinam-se. São protagonismos. Os editores têm lutas de protagonismos às vezes piores que os escritores. Por muito vaidoso que seja um escritor, e há-os impossíveis, são menos impossíveis do que alguns editores que conheço, porque não têm uma necessidade de protagonismo tão permanente.»

Inês Pedrosa, Sexta, 06.06.2008, p. 15