quarta-feira, 14 de maio de 2008

É difícil não ser pessoal quando se fala de livros.

Falamos de objectos carregados de pessoas, da nossa história a duas dimensões, uma realidade paralela (dependendo do formato) onde a nossa voz assume a voz de todos.
Dessa forma, é impossível não ser pessoal quando se fala de livros.
É impossível também não extravasar essa realidade para a certeza de querer ter algo a dizer sobre «o nosso reino», e não nos ofendermos quando «os nossos livros» são tratados da forma que «nós não queremos».

Foi sempre assim com os livros, com a edição, com os autores.
Mesmo quando a relação se torna múltipla (e quantos originais e livros não têm os editores de ler diariamente, conhecendo-os apenas fugazmente?) e não existe o tempo de aprofundar a mesma, existe um sentimento de posse por aqueles que gostaríamos de ter e de conhecer.

Assim, o mercado avança com os agentes a criar paixões nos editores (diria mesmo a alcovitar), a motivar a inveja e o ciúme.

− Agente, agente meu, haverá livro mais lindo do que o meu?
Mil livros disponíveis mas é este que eu quero, o mais recente, o de capa estonteante que arrasará o escaparate no baile de debutantes, aquele que ainda não saiu mas é só para mim; tão belo que todos o irão querer.

Pouco saudável? Excessivamente.
O mercado ressente-se dessas relações de amor, desse reflexo da humanidade.
(nsl)